quinta-feira, 7 de maio de 2009

Homossexualidade: pais informados podem ajudar...

Esta opção sexual do meu filho vai fazê-lo ser discriminado? Primeiro, a homossexualidade não é uma "opção", pois isso pressuporia a existência de uma escolha consciente e real por parte do sujeito homossexual, que não existe: ninguém escolhe ser homossexual, heterossexual, branco, negro, alto, baixo... Desta forma estamos perante uma orientação sexual, cuja existência não depende da vontade do sujeito homosexual e assenta em outros pressupostos. Segundo, se o seu filho leva a sua vida de uma forma monogâmica, tendo um companheiro por quem sente afecto e levando uma vida como o resto das pessoas, existem menos hipóteses de vir a ser discriminado, pois a sociedade portuguesa é relativamente tolerante neste casos e a maioria das leis (incluindo do trabalho e união de facto) aplicam-se indistintamente a todos os cidadãos independentemente da sua orientação sexual. Se, porém, o seu filho é, enquanto pessoa, exuberante, gostando do exibicionismo e do protagonismo, e junta a isso a sua orientação homossexual, então são maiores as chances de vir a ser discriminado, principalmente porque a sua homossexualidade é reconhecida pela sociedade de forma mais evidente. No entanto isto não quer dizer que o problema esteja exactamente no seu filho mas mais provavelmente na forma preconceituosa como a sociedade em geral encara a homossexualidade. Ser mais discreto pode facilitar a integração mas não é garantia de aceitação imediata: o que assusta a sociedade não são os comportamentos em geral mas sim (por enquanto) a homossexualide em si. Não se verá ele quando for mais velho, atirado para um canto, sem ninguém? A esta questão existem três respostas possíveis: Primeiro, esse risco de solidão é um risco inerente a qualquer um de nós enquanto seres humanos. Nenhum de nós está livre de ficar sózinho um dia; Segundo, se o comportamento do seu filho é uma procura de encontros sexuais casuais sucessivos, então esse risco de solidão futura é bem maior (como sucede com qualquer pessoa), pois chegará o dia em que a sua atracção física se desvanecerá e então será tarde para encetar uma relação; Terceiro, se devido à sua própria personalidade, formação moral e educacional, o seu filho arranjou ou pretende arranjar um companheiro estável, então os riscos de vir a encontrar-se só serão muito menores, pois os casais estáveis de homossexuais têm praticamente as mesmas condições de sobreviverem que os demais casais hetero. Tudo depende do sentimento, compromisso e empenhamento de ambos os membros do casal, em resolverem os problemas que no dia a dia lhes vão surgindo. Não quero um filho meu assim... vou levá-lo ao psiquiatra! Antes de mais convirá esclarecer que ser homossexual não é assim, nem assado. É uma orientação sexual como outra qualquer. Seguidamente, o psiquiatra nada poderá fazer uma vez que o seu filho ao ser homossexual não padece de doença nenhuma. Note que as tentativas de 'transformar' homossexuais em heterossexuais não tiveram bons resultados. De notar igualmente, que a homossexualidade não é já hoje considerada como de origem patológica e como tal não pode ser catalogada como doença. Porém, o psiquiatra poderá ser uma ajuda preciosa no caso do seu filho se debater ainda com depressões e angústias relacionadas com a sua orientação homossexual. Aqui a ajuda será preciosa, pois o psiquiatra poderá ajudar o seu filho a melhor se encontrar a ele próprio e a melhor viver com a sua orientação sexual. Esta atitude de ajuda será tanto mais importante se tivermos em consideração que a taxa de suicídios entre jovens homossexuais é mais elevada que entre os seus pares heterossexuais, precisamente devido a períodos de angústia e depressão que a sua orientação homossexual lhes coloca. Que desgraça... e que irão dizer a família, os amigos e os vizinhos? Em primeiro lugar não nos parece natural ter de andar a 'contar' a este ou àquele que o seu filho é homossexual. Alguém que conheça lhe veio alguma vez contar ser heterossexual? No entanto é natural que lhe venham contar do namorado ou o caso ou o casamento de um familiar, e nestas situações falar da situação do seu filho poderá ser mais complicado. Pior ainda é ser confrontado com uma pergunta directa sobre o seu filho ou filha.Deve aqui agir com calma e sobretudo com dignidade. Certamente que o seu filho pela sua responsabilidade e competência é um exemplo para muitos outros, pelo que você deverá sentir-se orgulhoso dele. Contudo, deverá ter em conta eventuais consequências para o seu filho se responder a essa questão de forma directa, e só deverá fazê-lo com o consentimento do seu filho. De facto estamos perante um aspecto pessoal e ele, melhor do que ninguém, saberá quando e a quem responder a essa pergunta. Se for você a falar sobre o assunto, faça-o só quando já estiver emocionalmente estabilizado em relação à homossexualidade do seu filho e com as bases necessárias para poder esclarecer as dúvidas e os erros de apreciação dos outros, quer sejam família, amigos ou vizinhos. Se você próprio não estiver ainda emocionalmente estabilizado sobre a homossexualidade do seu filho, acabará invariavelmente por transmitir a sua insegurança aos outros e aumentará neles a sua tendência para a consternação.Note-se que na prática irá-se assumir perante os outros como um pai ou mãe de um homosseuxal. Aceitamos a homossexualidade do nosso filho, mas será que ele não podia esconder as manifestações de afecto pelo outro? Vamos dividir esta questão em duas partes e começar pelo fim. O referir-se ao companheiro, ou namorado, do seu filho como o 'outro', revela que a sua aceitação do facto não é ainda total. Por outro lado, essa atitude de desdém para com o companheiro do vosso filho, somente irá contribuir para aumentar o fosso e a distância entre vós e o vosso filho e para vos tornar a todos mais infelizes. Para além de poder vir a dar origem a um clima de 'guerra fria', que em nada ajudará a cimentar as vossas relações. Voltemos agora, à primeira parte da questão. E por que deveria o vosso filho esconder o seu afecto pelo companheiro? Será legítimo amar alguém e não o poder demonstrar? Um casal heterossexual quando passeia não se dá as mãos, por exemplo, como forma de afecto? Por que não o poderia fazer um casal homossexual, se o sentimento também é o mesmo?

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pelo excelente blogue!
Acima de tudo pelo tema que escolheram desenvolver, identidade sexual.

Luís Cunha

Tubo de Ensaio / Batidas saudaveis disse...

Ora aqui está uma coisa que não é discutida tão fortemente que a clicheirada dos temas que já toda a gente ouviu falar.
Identidade Sexualé de facto um tema muito bem escolhido, fortemente necessário para informar a nossa "inculta" e preconceituosa sociedade quando à homossexualidade.
Continuem, e aguardo o vosso filme!

Cheers,
Diogo S.

Anónimo disse...

Acho o vosso blogue muito interssante. É importante que se termine com esse tabu sobre a homossexualidade.A nossa sociedade retrogada precisa de abrir mentalidades.

Teresa