terça-feira, 21 de abril de 2009

25 de Abril, o vento da mudança

A homossexualidade em Portugal no período histórico foi sobretudo dominada pela ideologia cristã da Igreja Católica Apostólica Romana, que caracteriza a sexualidade como um acto exclusivamente destinado a procriação, pelo que todas as outras actividades sexuais são vistas como pecaminosas e contrárias a Deus. A partir do século XVI a Inquisição encarregou-se mesmo de investigar, julgar e condenar à fogueira a sodomia. Esta visão moralista da sexualidade manteve-se até finais do século XX, apesar da descriminalização que entretanto ocorreu, época em que a grande maioria dos homossexuais ainda preferia esconder-se aos olhos da sociedade. Actualmente a sociedade portuguesa tem vindo a reduzir progressivamente a discriminação com base na orientação sexual, tanto ao nível social, como político e legal, tendo, sobretudo entre as camadas mais jovens da população, a homossexualidade vindo a ser considerada como mais uma variante aceite da sexualidade humana, da esfera íntima e pessoal de cada um, e em grande parte livre de conotações de índole moral. Os direitos mais importantes que ainda são negados aos homossexuais em Portugal são o direito ao casamento e o direito à adopção de crianças.
Com a chegada da revolução do 25 de Abril de 1974, criaram-se as condições base fundamentais para as mudanças de mentalidade social, política e legislativa, que conduziriam à descriminalização e aceitação da homossexualidade em Portugal. No entanto a mudança seria muito lenta pois os partidos de esquerda, os que teoricamente estariam mais sensíveis em relação às questões de igualdade e direitos cívicos, tinham as suas atenções e esforços centrados na "luta das mulheres e dos jovens".
Logo a seguir à revolução surgem alguns movimentos activistas homossexuais, como o MHAR, Movimento Homossexual de Acção Revolucionária, de que António Serzedelo foi fundador, que em Maio de 1974 lança o seu Manifesto pelas Liberdades Sexuais, prontamente esmagado pelo General Galvão de Melo que afirmou na televisão que “o 25 de Abril não foi feito para os homossexuais e prostitutas”.
Só após o aparecimento da SIDA em Portugal, na primeira metade dos anos 1980, que o Movimento Associativista Homossexual ganha consistência, visibilidade e respeitabilidade, em articulação com a Comissão Nacional de Luta Contra a Sida e a Abraço. Nesta fase começam a surgir ou a consolidar a sua visibilidade as primeiras públicas homossexuais, como Carlos Castro, Guilherme de Melo, Ary dos Santos e António Variações, cuja morte provocada pela SIDA em 1986 é o acontecimento homossexual trágico que causa alguma comoção e impacto a nível nacional.
O Partido Socialista Revolucionário, hoje integrado no Bloco de Esquerda, seria o primeiro partido político, em 1991, a formalizar a existência de uma organização interna dedicada especificamente à luta contra o machismo, a homofobia e a descriminação, o Grupo de Trabalho Homossexual. Com este impulso de grande impacto mediático, foi a partir de 1990, que a comunidade gay começou a organizar-se e a ganhar voz própria, com a instituição e consolidação de diversas associações, como a Associação ILGA Portugal, o Clube Safo, a Opus Gay, a Revista Korpus, o site PortugalGay.pt, os eventos Arraial Pride, a Marcha Nacional do Orgulho LGBT e o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa.
O 25 de Abril foi um marco de mudança na história da homossexualidade em Portugal.

1 comentário:

Anónimo disse...

ola... trabalho mto interessante....parabens pela ideia criativa que tiveram.
se quiserem, comentem, votem e deixem a vossa opiniao. obg



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