Com a chegada da revolução do 25 de Abril de 1974, criaram-se as condições base fundamentais para as mudanças de mentalidade social, política e legislativa, que conduziriam à descriminalização e aceitação da homossexualidade em Portugal. No entanto a mudança seria muito lenta pois os partidos de esquerda, os que teoricamente estariam mais sensíveis em relação às questões de igualdade e direitos cívicos, tinham as suas atenções e esforços centrados na "luta das mulheres e dos jovens".
Logo a seguir à revolução surgem alguns movimentos activistas homossexuais, como o MHAR, Movimento Homossexual de Acção Revolucionária, de que António Serzedelo foi fundador, que em Maio de 1974 lança o seu Manifesto pelas Liberdades Sexuais, prontamente esmagado pelo General Galvão de Melo que afirmou na televisão que “o 25 de Abril não foi feito para os homossexuais e prostitutas”.
Só após o aparecimento da SIDA em Portugal, na primeira metade dos anos 1980, que o Movimento Associativista Homossexual ganha consistência, visibilidade e respeitabilidade, em articulação com a Comissão Nacional de Luta Contra a Sida e a Abraço. Nesta fase começam a surgir ou a consolidar a sua visibilidade as primeiras públicas homossexuais, como Carlos Castro, Guilherme de Melo, Ary dos Santos e António Variações, cuja morte provocada pela SIDA em 1986 é o acontecimento homossexual trágico que causa alguma comoção e impacto a nível nacional.
O Partido Socialista Revolucionário, hoje integrado no Bloco de Esquerda, seria o primeiro partido político, em 1991, a formalizar a existência de uma organização interna dedicada especificamente à luta contra o machismo, a homofobia e a descriminação, o Grupo de Trabalho Homossexual. Com este impulso de grande impacto mediático, foi a partir de 1990, que a comunidade gay começou a organizar-se e a ganhar voz própria, com a instituição e consolidação de diversas associações, como a Associação ILGA Portugal, o Clube Safo, a Opus Gay, a Revista Korpus, o site PortugalGay.pt, os eventos Arraial Pride, a Marcha Nacional do Orgulho LGBT e o Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa.
O 25 de Abril foi um marco de mudança na história da homossexualidade em Portugal.